terça-feira, 29 de maio de 2012

#Esquizofrenia

"Eu não conseguiria dar um passo sem você."

Ainda consigo te ouvir respirar esta frase. Ainda consigo lembrar da felicidade que senti ao identificar cada sílaba e significado. Não quero mais adormecer, muito menos acordar. Você, em conjunto com a nossa situação, tornou-se uma constante em cada um dos meus pensamentos. Te procuro nos cantos de uma vida vazia sem a sua presença. Você diz que se perdeu ao meu lado, e eu me perdi sem você. Você pode partir, e eu, o que posso fazer?
Partiu. Voou. Diz que não quer mais saber, que não vai mais voltar.
"Vai pedir para esquecer, vai rezar para esquecer, mas eu não vou deixar."
Desde que os teus olhos pararam de me procurar, as noites aqui são todas iguais. Sempre há um acústico, qualquer som melancólico de um violão cansado de chamar pelo seu nome. Teus sinais são voláteis, inconstantes, inesperados. Brinca de aparecer quando quer e quando bem entende. Vai embora sem avisar e ainda ousa mandar um bilhete.
Aquelas últimas horas de sábado foram um pecado capital. Uma injúria cometida contra um coração machucado. Entrei no teu carro; Que ironia perversa. De imediato fui invadida pelo seu cheiro - aquele da pele, do contato do corpo, da sua vida. Fui intoxicada em alguns poucos segundos pelo o que eu tentava esquecer há semanas.
Uma recaída, uma lágrima contida. Eu não conseguia raciocinar. Os pensamentos estavam inundados pela traiçoeira saudade que me acometeu violentamente, naqueles minutos ao seu lado.
Isso foi silêncio - o choro mais alto que já tive. Eu estava demasiada frágil, inconsciente dos meus sentidos, quando de repente, você resolveu falar.
Sua voz.
Esforcei-me ao máximo para recobrar a capacidade de formular qualquer resposta para as tuas perguntas. Olhei para o espelho retrovisor buscando qualquer saída, e percebi refletido em meus olhos, o desespero inaudível de quem procura redenção. O choque de olhares foi inevitável. A sua expressão vazia, os traços do seu rosto mostravam de forma sutil, como é difícil para você também.
Não sei lidar com a ausência da aliança nos teus dedos, com a sua capacidade de me mandar embora tantas vezes. Os dias passam, a vida continua e o mundo não para seu ciclo tortuoso, só porque eu não te tenho mais. A verdade é que eu estou sempre lá, não mais aqui. Encontro-me em um mundo esquizofrênico, mas pouco importam-me os adjetivos dados. Não interessa-me mais o mundo exterior.
Estou onde existam lembranças felizes capazes de anestesiar o impulso de te procurar. Estou nos sonhos em que eu me esforço para te encontrar. Estou nos devaneios que mantém o meu coração mais perto do seu a cada novo segundo. Estou em um mundo onde eu e você seremos para sempre nós, sem nada, nem ninguém capaz de atrapalhar.

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