sábado, 2 de junho de 2012

#Dezesseis

Percebo-me constantemente fazendo música das minhas palavras. As projeto em um futuro desconhecido, para ouvintes desconhecidos, que compartilhem as mesmas dores e alegrias vividas. São palavras doídas que traduzem o pesar escondido dentro de mim, desde que senti o seu gosto pela última vez. Cansei.
Aprendi que eu nunca soube valorizar o amor da devida maneira, sempre hipostasiei suas qualidades, ao passo que cegava-me para seus defeitos. O amor é um espectro de cores e significados, e eu só enxergava os que convinham com o meu hiperbólico lirismo apaixonado.
Sempre amei sem perguntar, sem pedir licença, sem pedir perdão. Afinal, a vida nos foi entregue para que vivêssemos sem colocar os medos na frente dos nossos sonhos. Porém, nem mais os sonhos fazem com que eu escape das celas frias da realidade. Assim como tudo ao meu redor, eles me guiam todas as noites até você. Lamento apenas, eu ter esquecido de um tipo de amor fundamental. O amor próprio. Este amor, em conjunto com os demais, compõe a simetria entre um eu e um você, completamente vinculados à elos que não nos permitem dizer adeus. 
Por muitas horas espero por palavras que você pode nunca dizer. Espero por pedidos que você pode nunca fazer, e espero com o coração aberto de tanto sofrer - aberto só para você. Não deixo ninguém mais entrar, muito menos que ousem tirar qualquer coisa do lugar, pois quero admirar tudo a minha volta exatamente como você deixou.
Nas horas restantes, forço-me a lembrar de todas as mentiras que você ousou contar com finalidades desconhecidas, provocando cicatrizes escondidas, e não teve coragem de desculpar-se para curar um alguém que só te quis bem, que só quis enxergar seu melhor, mesmo quando tudo o que você mostrava de ruim, estava explícito em sua voz.
Pode retirar sua máscara e as suas intenções destiladas, eu enxergo a verdade em teus olhos descobertos, em cada sílaba da sua voz falha. Hoje eu percebo, a culpa não é minha.
Nunca foi.

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