sábado, 4 de agosto de 2012

#Agosto

Vejo tantos copos cheios e pessoas vazias. Eu procuro em inúmeros rostos, um espelho seu. A noite cai e eu ouso respirar a vida longe de você outra vez. Estou criando uma certa sobrevida diante de todas as nossas lembranças, porém ouvir aquela música tocar flanando pelas mesas do bar, em meio a uma madrugada boêmia qualquer de agosto, é como embriagar-se de saudade em um gole só. Perdi a lucidez por aqueles três, talvez quase quatro minutos.
Eu consegui sentir um gosto seu. E dói admitir o quanto eu queria poder olhar nos teus olhos, por alguns poucos segundos, como quem compreende sua mudez e retribui calada: Eu também. Como vai a vida sem mim, como vai você que me esqueceu? Eu sinto o sangue fluir nas veias, mas não aquecer o coração. Nós somos tão jovens, tão jovens - por que tens tanto medo de viver?
Foi uma pausa, uma faísca de você que ousou acender-se e desorganizar meus pensamentos. Desviou - mesmo que por aqueles três, talvez quase quatro minutos - a minha atenção. E eu te resguardei em silêncio no meu coração. Em meio a tantos sorrisos e vidas atravessando a minha, eu parei o tempo e permiti-me sentir você. Por uma fração de segundo, nas horas madrugadas de ontem, eu lhe pertenci. Uma solidão a doisPassou.
Não mais.

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